Evento realizado em Salvador contou com ampla participação e transmissão ao vivo para os campi do Instituto
Na última segunda-feira, 21 de julho, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano (IF Baiano) realizou, na Unidade João Batista, em Salvador, a palestra “Sujeitos e Produção do Conhecimento: Reflexões sobre Poder e Subalternização”, ministrada por Rita von Hunty, persona drag do ator e professor Guilherme Terreri.
Presença marcante nas redes sociais como crítica cultural, pesquisadora e educadora, Rita von Hunty compartilhou reflexões sobre os mecanismos históricos de exclusão na produção do conhecimento durante o evento.
A atividade integrou o projeto GENI em Ação, iniciativa do Núcleo de Estudos em Gênero e Sexualidade (GENI) do Campus Valença, vinculado à Coordenação de Políticas de Ações Educacionais para Equidade e Diversidade (CPAEED) da Pró-Reitoria de Ensino (Proen). A mediação foi conduzida por Enluarina Ferro, persona drag da atriz e servidora do IF Baiano, Iara Colina.
A palestra foi transmitida ao vivo pelo canal oficial do IF Baiano no YouTube, e teve casa cheia em Salvador: todas as 120 vagas disponibilizadas para a participação presencial no evento foram preenchidas em poucas horas de abertura de inscrição.
Segundo a organização do evento, a alta adesão demonstra o interesse e a urgência do debate proposto. “A gente espera que esse evento já faça o que ele vem fazendo só por essa movimentação tão profunda que ele causou em toda a instituição. Diretores dos diferentes campi fizeram um esforço para estarem presentes, e contamos com a participação de personalidades externas importantes”, comentou Cecília Nunes, coordenadora da CPAEED.
Além de gestores do IF Baiano, prestigiaram o evento a deputada Lídice da Mata, a ex-senadora e ex-prefeita de Salvador, a promotora de Justiça da 1ª Promotoria de Direitos Humanos do MP-BA, Márcia Ribeiro Teixeira, e a advogada e pesquisadora, Tatiana Badaró.
Durante a palestra, Rita von Hunty analisou as estruturas sociais que historicamente excluíram determinados corpos do reconhecimento pleno como sujeitos de conhecimento. Para ela, é fundamental compreender as raízes dessas exclusões e questionar suas permanências no presente. “O que a gente tentou construir aqui é uma compreensão de quais processos históricos estão envolvidos na produção de modalidades que vão ser aceitas como seres humanos possíveis e seres humanos que devem ser execrados, destruídos, apagados.”
A palavra “subalternização”, como destacou, foi central para a discussão. “A mensagem que precisa ser levada é que a gente desnaturalize qualquer concepção hierárquica social. Nenhuma hierarquia social é natural, elas são frutos de disputas e lutas sociais. Sabendo disso, a gente pode escolher quais lutas e disputas fazer.”
Rita também comentou sobre a relevância de se abrir discussões sobre gênero e sexualidade em espaços como o IF Baiano, que dialogam com jovens estudantes que estão construindo suas subjetividades. “A importância acima de tudo é uma importância humana. A gente vive em um país que é um líder histórico de assassinato de pessoas LGBT. Quando a gente pensa em transfobia, o Brasil lidera o ranking de assassinato de pessoas trans. Em média, uma pessoa trans assassinada no Brasil tinha 35 anos. Isso já seria motivo suficiente para a gente fazer esses debates.”
A coordenadora da CPAEED, professora Cecília Nunes, destacou que a atividade nasceu de uma articulação entre o GENI Valença e a comunidade acadêmica, a partir da percepção da importância de discutir os corpos e sujeitos historicamente marginalizados. Ela também enfatizou o papel do GENI no acolhimento de sujeitos que estão à margem da norma. “O GENI trabalha para que todos os estudantes possam ter acesso e espaço dentro da instituição sendo quem são, quem podem ser. Essas pessoas já chegam ao IF sofrendo preconceitos. O núcleo acolhe esses estudantes, mas também servidores e, em especial, as mulheres, que vivem cotidianamente situações de assédio”, completou.
O reitor do IF Baiano, Aécio José Duarte, ressaltou a importância da palestra para fortalecer a diversidade e a inclusão na instituição. “A vinda de Rita von Hunty nos trouxe perspectivas para que nós nos consolidemos como instituição de ensino diversa”, apontou. Segundo ele, a atividade foi marcada por um “trabalho fantástico, trazendo autores diversos, trazendo uma reflexão sobre a subalternização, sobre como o poder subalterniza a sexualidade, as pessoas, o que nós efetivamente somos como produto da sociedade.” Ele também elogiou a atuação do GENI e a mobilização institucional para a realização do evento.
A pró-reitora de Ensino do IF Baiano, Kátia Vilela, avaliou a palestra como um momento de impacto formativo e simbólico. Segundo ela, eventos como esse fortalecem o papel da instituição como espaço de pensamento crítico. “Esse evento de hoje foi um presente para todos nós. A Rita rompeu silêncios, trouxe várias provocações e nos mostrou que o conhecimento também se constrói às margens das dissidências e das multiplicidades”, ressaltou.
Integrante do Geni do Campus Valença, o docente Perimar Moura, destacou a importância da atuação de Rita von Hunty para a formação e debate sobre as desigualdades. “Foi um privilégio gigantesco. As questões de opressão são muito atuais. A inclusão não é um favor que se faz às pessoas, é uma questão de humanidade. Para superar isso, precisamos da popularização desse conhecimento. A Rita cumpre esse papel, porque tira o debate de dentro dos muros acadêmicos e leva até as pessoas nos lugares mais distantes”, comentou. Para ele, ações como essa tornam a inclusão uma prática real e concreta dentro da instituição.
Assista – A palestra “Sujeitos e Produção do Conhecimento: Reflexões sobre Poder e Subalternização” está disponível na íntegra no canal oficial do IF Baiano no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=BQ-TM5frbG0
Endereço: Rua do Rouxinol, nº 115 – Bairro: Imbuí | Salvador - BA CEP: 41720-052 | CNPJ: 10.724.903/0001-79 | Telefone: (71) 3186-0001
E-mail: gabinete@ifbaiano.edu.br