Com o tema “Corpos, sexualidades e poéticas ancestrais” o Sarau de Preto do IF Baiano – Campus Uruçuca realizará sua VIII edição, no dia 28 de abril, às 19h. O evento é uma realização do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (NEABI) e do Núcleo de Estudos de Gênero e Sexualidade (Geni) e reúne em sua programação artistas internos e externos ao IF Baiano. Serão apresentações ao vivo e gravadas nas categorias Dança, Artes Cênicas, Artes Visuais, Música e Literatura. O Sarau será transmitido pelo canal do YouTube do Campus Uruçuca e emitirá certificado para participantes inscritos.
O Sarau de Preto objetiva promover no âmbito acadêmico um espaço de valorização dos corpos, histórias, culturas e identidades negras e indígenas e ser um lugar de resistências através da arte. Antes da pandemia, o evento envolvia a comunidade acadêmica do campus em várias atividades presenciais, durante o ano, para a escolha dos temas, elaboração e orientação de trabalhos artísticos e a organização do evento. Segundo a docente e coordenadora do evento, Luísa Magaly, todo o processo até a realização do Sarau era de muito envolvimento, discussões e trabalho coletivo que resultavam em encontros lindos com participação de artistas internos, externos e representantes dos movimentos sociais e manifestações populares da Bahia. “Às vésperas do Sarau chegávamos a vivenciar o ambiente escolar por mais de 12h seguidas, para afinarmos a produção, ensaiarmos e incentivarmos mais estudantes”, relata a docente.
Esta, porém, é a segunda edição do evento em formato virtual e o Sarau de Preto precisou encontrar estratégias para lidar com essa nova forma de fazer cultura imposta pela pandemia. Em 2020, com todo o contexto pandêmico de mudanças bruscas, distanciamento social e incertezas, o evento não teve o engajamento esperado. Para Luísa, a falta de envolvimento do público foi resultado do aumento das demandas domésticas, trabalhistas e acadêmicas, além da dificuldade de equipe lidar com a ausência física e com as ferramentas e estratégias de divulgação em modo on-line. Mesmo assim, a equipe não desistiu da realização do evento e fez um Sarau de revisitação das edições anteriores.
Ao rever tantos momentos bons e de tantas emoções, a organização do Sarau percebeu a necessidade de se reorganizar e de planejar de imediato a edição 2021, convidando artistas externos, convocando estudantes de modo mais direto para acompanhar suas produções e expandindo as inscrições para estudantes do Ensino Médio, Superior e de Pós-Graduação de todo o território Nacional. “Decidimos usar a tecnologia ao nosso favor, expandimos um pouco mais nossos conhecimentos quanto ao uso das ferramentas e agora estamos ansiosos para ver o resultado”, conta a docente.
Luísa explica que a pandemia deixou mais evidente os abismos sociais que existem no país e que levam à morte todos os dias pessoas pretas, LGBTQIA+ e mulheres vítimas de violência doméstica. Para ela, as instituições educacionais devem se empenhar para reverter o tamanho do abismo, em um trabalho de reconciliação com versões da história do país que foram apagadas pela violência colonial. “Iniciativas como a do Sarau de Preto têm a intenção de provocar sentimentos de pertença e compreensão do direito à existência como somos, como cada estudante é ou será em seus processos de transformação e amadurecimento ao longo da vida, respeitando nossas identidades de gênero, étnicas e sexualidades”, explica.
O Sarau de Preto em sua VIII edição vai abordar “Corpos, sexualidades e poéticas ancestrais” através de artistas como Yakunã Tuxá, Tallyz Man e Oda Thaylor, que trazem em seus corpos e em sua arte as feridas das dissidências de gênero, sexualidade e étnico-raciais que ocorreram ao longo de toda a história do Brasil. “É necessário tocar nas feridas que ainda custam a fechar. São essas artistas e suas produções, justamente, o alinhavo que pode unir os dois lados do abismo”, afirma a coordenadora do evento, Luísa Magaly.
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