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Reneabi 2025 reúne NEABIs do IF Baiano e de IFs do nordeste e realiza programação multicampi
Atualizado em 1 de junho de 2025 às 08h05 | Publicado em 1 de junho de 2025 às 08h05
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Membros dos Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas do IF Baiano se reuniram, durante a última semana, na unidade administrativa do IF Baiano Professor João Batista, em Salvador, para o Reneabi, reunião dos Neabis. O Reneabi 2025 teve início na tarde de terça-feira, 27, com uma programação multicampi que foi aberta com uma intervenção artística da professora de Artes do Campus Xique-Xique, Renata Alves, dançando ao som da música Ismália, de Emicida, com sensível presença cênica e simbólica.

Na sequência, a professora Rafaela Magalhães conduziu a cerimônia de abertura como cerimonialista. A mesa de abertura foi composta pela pró-reitora de Ensino Kátia Villa, representando o reitor do IF Baiano, Aécio José Duarte; Fernanda Alves, representando a Pró-Reitoria de Pesquisa, Inovação e Pós-Graduação; Luís Gomes, pró-reitor de Extensão; e Chintamani Alves, coordenador-geral dos NEABIs.

Durante sua fala, Chintamani destacou os desafios da construção do evento neste formato multicampi, mas também sua importância estratégica, ressaltando que o Reneabi, criado em 2017, tem caráter organizativo, voltado para trocas, levantamento de demandas e planejamento. “É um evento acadêmico, político e estratégico para a articulação dos NEABIs nos 14 campi e na Reitoria.” Ele também anunciou o lançamento, nos próximos dias, do curso Letramento Racial – Enfrentando o Racismo com os NEABIs, elaborado por intelectuais e pesquisadores vinculados aos Núcleos do Instituto.

Para o pró-reitor Luís Gomes, o papel da educação na transformação de uma sociedade cada vez mais diversa e inclusiva é fundamental, e a Extensão é um importante instrumento de promoção da equidade, por meio de programas como o Mulheres Mil, o Partiu IF e diversos projetos e ações pautados pelos NEABIs. Fernanda Alves ressaltou que a Pró-Reitoria de Pesquisa tem buscado fortalecer as ações afirmativas na pesquisa institucional. Já Kátia Villa destacou o compromisso do IF Baiano com políticas públicas de enfrentamento ao racismo, alicerçadas no tripé ensino, pesquisa e extensão.

Com o tema “Ensino, pesquisa e extensão como instrumentos de cidadania plena e enfrentamento ao racismo”, o Reneabi é um evento multicampi, com ações presenciais em mais de dez campi do IF Baiano, além da Reitoria, e conta com transmissão ao vivo pela TV Bem Baiano, com audiodescrição do ambiente e dos palestrantes, além de tradução simultânea em Libras. O evento é apoiado pelo CNPq.

A conferência de abertura foi proferida pelo professor de História do Campus Governador Mangabeira, Roberto Carlos Oliveira dos Santos, que se debruçou sobre o tema central do evento. Ao abordar o papel do ensino no enfrentamento ao racismo, ele destacou a intolerância enfrentada por educadores comprometidos com a justiça social:

“Vocês devem estar lembrados da ofensiva absurda que nós, educadores — principalmente aqueles que trabalhavam com temas sociais — sofremos. Passamos a trabalhar com medo: com medo do que a gente falava, com medo dos nossos eixos de currículo formativos, do que podia ser dito em uma reunião de pais e mestres. Então, foi um período que não foi muito fácil, não. E que eu acho que ainda não passou. Precisamos estar atentos.”

A mesa seguinte encerrou a programação do primeiro dia de evento em Salvador e discutiu o Panorama das políticas afirmativas étnico-raciais no Brasil, com a professora Izanete Marques (NEABI/IF Baiano) e a professora Iraneide Soares da Silva, secretária-executiva da ABPN – Associação de Pesquisadores/as Negros/as do Brasil. A mesa foi moderada pela técnica em Assuntos Educacionais do Campus Senhor do Bonfim, Leonice Souza.

A palestrante convidada, Iraneide Soares, parabenizou o IF Baiano pela metodologia adotada para o evento, por permitir que todos os campi participem do Reneabi, mesmo sendo um evento centralizado na capital. “Essa troca de saberes, de experiências com outros NEABIs de outras regiões, de outros estados, é extremamente importante para o fortalecimento do Consórcio Nacional de Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros, para o fortalecimento dos Institutos Federais nessa rede, que também não é algo dado, não é algo que sempre existiu.” Iraneide destacou que o racismo segue matando, a cada 23 horas, um jovem negro, e precisa ser combatido com pesquisa, educação, estudo, reflexão e ações como esta.

A manhã do dia 28 começou com uma mesa estratégica para a articulação dos NEABIs não apenas de forma multicampi, mas também multi-institucional, reunindo representantes de NEABIs de outros Institutos Federais do Nordeste. A mesa discutiu a importância dos núcleos no enfrentamento ao racismo institucional, trazendo as experiências dos Institutos Federais de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte.

A tarde do dia 28 foi marcada pela mesa “Interseccionalidades e as políticas afirmativas étnico-raciais no IF Baiano”, composta pela professora. Débora Mendel (NEABI e NAPNE), professora Luciana Mazutti (GENI), professora Shauane Nunes (CEVAER) e João Vitor da Silva (representação Discente – UGE). A mesa contou com a moderação da professora Cecília Nunes (CPAAED). 

Luciana Mazutti falou sobre a importância da implementação efetiva do GENI em todos os campi e a necessidade de discutir questões de gênero e sexualidade, incluindo a violência contra mulheres e a invisibilidade das pautas LGBTQN+ na instituição. Para Débora Mendel, a interseccionalidade deve ser vista como uma ferramenta analítica, metodológica e um termo fundamental (além de um conceito) para pensar a educação, pesquisa e extensão no IF Baiano. Ela argumentou que considerar a interseccionalidade permite perceber as diversas necessidades dos estudantes atravessados por opressões como raça, classe, gênero e orientação sexual. 

Já Shauane Nunes enfatizou a tarefa coletiva de construir uma escola antirracista e a necessidade de superar a defensiva institucional e João Vitor da Silva trouxe a perspectiva estudantil sobre a interseccionalidade e políticas afirmativas, vendo-as como reparação histórica necessária.                          

A mesa de encerramento do Reneabi, no dia 29, discutiu os desafios para consolidação de uma educação antirracista na Bahia e foi composta pelo professor Chintamani Alves (coordenador geral dos NEABIs IF Baiano); Valéria Catarina Lima (Instituto da Mulher Negra Mãe Hilda Jitolu) e Anderson Oliveira (representação discente – DCE), mediada pela professora Rosane Santos, coordenadora geral do evento.

Rosane introduziu o propósito da mesa, que era reunir vozes e experiências para enfrentar o racismo nas instituições educacionais e na sociedade baiana, enfatizando que o caminho para a educação antirracista exige compromisso, coragem e ações concretas. Os palestrantes abordaram a complexa relação histórica entre racismo e educação no Brasil. Chintamani fez uma retomada histórica até a implementação das leis de ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena, apontando que, embora tenham sido um avanço, ainda encontram desafios persistentes na sua implementação efetiva (resistência, falta de conscientização, racismo institucional), destacou também a necessidade de expandir a luta para além do currículo, incluindo a gestão, o financiamento e a representatividade institucional. 

Valéria Lima focou no papel fundamental dos movimentos negros, da ancestralidade e das iniciativas culturais como ferramentas poderosas de educação antirracista e de construção da consciência racial, muitas vezes operando fora ou antes das estruturas formais de ensino. Valéria partilhou a história de sua avó, Mãe Hilda Jitolu, matriarca e mentora por trás do Ilê Aiyê, descrevendo como o bloco, inicialmente de carnaval, evoluiu para uma organização educativa que usava a música e a arte para ensinar história e cultura negra, chegando a fundar a Escola Mãe Hilda e a formar professores de escolas públicas.

Anderson Souza, representante estudantil do Diretório Central dos Estudantes do IF Baiano, abordou os desafios para a consolidação de uma educação antirracista na Bahia e o papel do movimento estudantil nesse combate. Anderson ressaltou que a Bahia, sendo majoritariamente negra, ainda convive com o racismo diário, frequentemente ignorado por quem não o vivencia diretamente.

Enquanto ocorreram mesas e palestras na unidade administrativa Professor João Batista, em Salvador, mais de 40 oficinas aconteceram nos campi espalhados por cidades do interior baiano nos três dias de evento.

Para a coordenadora do evento e ex-coordenadora de Políticas de Ações Afirmativas, Equidade e Diversidade do IF Baiano (CPAAED), Rafaela Magalhães, mais do que um evento, o Reneabi 2025 se coloca como um espaço de encontro, trocas e afeto: “Que este encontro não seja apenas um evento, mas um momento de escuta, encontro e afeto. Nenhum passo atrás, por nós e por cada um e cada uma que ainda virão.”

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