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Psicólogos do IF Baiano alertam para cuidado emocional durante a pandemia
Atualizado em 8 de fevereiro de 2023 às 12h18 | Publicado em 21 de maio de 2020 às 17h56

Coletivo de psicólogos do Instituto vem desenvolvendo ações de suporte à saúde mental da comunidade acadêmica

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A pandemia do novo coronavírus tirou as pessoas da rua, das escolas, das repartições, das praças e parques. Tirou suas referências, rotina, confiança no futuro. Tem levado o mundo a olhar mais para dentro e para as relações. Tem mostrado que cuidar das emoções é urgente e inadiável. Diante desse cenário de mudanças drásticas, incertezas e medos, os psicólogos do IF Baiano estão desenvolvendo uma série de iniciativas de suporte psicológico e incentivo ao cuidado emocional para a comunidade acadêmica, alertando sobre a importância de cuidar da saúde mental nessa nova configuração de vida.

O ser humano normalmente tem dificuldades em lidar com o desconhecido, explica o psicólogo do Campus Santa Inês, Tailan Andrade. “Por isso, o isolamento social e todas as incertezas causadas pela pandemia podem gerar desconforto e insegurança, aumentando principalmente os níveis de ansiedade”, afirma Tailan. Nesse contexto, segundo ele, a saúde mental do adolescente, público-alvo do IF Baiano, merece um olhar atento, já que a adolescência é um período de transição, onde o sujeito deixa a condição de criança e passa a preparar-se para a vida adulta, experimentando mais autonomia e liberdade.

Pandemia e adolescência

A psicóloga Tuíra Teixeira (Campus Valença) afirma que é possível que este momento seja enfrentado com maior dificuldade pelo adolescente, já que nessa fase da vida acontecem mudanças nas relações com a  família e com as formas de sociabilidade. Tuíra conta que os jovens atribuem muita importância à vivência com amigos e colegas, seja na escola ou em outros espaços de socialização e, ao serem privados disso, é provável, e até normal, que a frustração de planos e expectativas gere ansiedade e insegurança. “Essa é a oportunidade dos adolescentes fazerem um bom uso das redes sociais e da tecnologia à disposição, usarem a criatividade e buscarem novas formas de estar juntos neste momento, mas com parcimônia. O uso excessivo das redes sociais também pode ser um fator gerador de mais ansiedade”, aconselha a psicóloga.

Para conscientizar os estudantes do Instituto sobre a importância deste assunto, o coletivo de psicólogos do IF Baiano buscou explorar um canal de comunicação muito utilizado pelos jovens, o Instagram, e promoveu duas lives com a psicóloga e produtora de conteúdo para redes sociais, Isaura Barbosa Moura. Segundo o coletivo de psicologia do Instituto, as lives tiveram um bom retorno dos alunos que participaram com perguntas e avaliaram positivamente a inciativa. O grupo disponibilizou também o e-mail psicologos@ifbaiano.edu.br para acolher dúvidas e desabafos dos estudantes e poder dar orientações mais específicas.

Rotina

Outra ação de conscientização do coletivo foi a produção da cartilha “Cuidados com você”. Uma das dicas trazidas pela cartilha para minimizar efeitos negativos da pandemia é o estabelecimento de rotina com atividades do dia a dia e também de lazer. As psicólogas Aline Soares (Campus Bom Jesus da Lapa) e Laisla Suelen Rocha (Campus Xique-Xique) recomendam, para iniciar, que se faça um cronograma com as atividades do dia e da semana, destacando o tempo para cada uma e que depois vá adaptando. “Caso possua, delimite um local para estudo. Para o aumento da motivação, também é importante trocar o pijama por outra roupa confortável. Passar o dia todo de pijama pode favorecer a sensação de falta de atividades a serem cumpridas”, explicam.

Outro fator importante é definir um horário para dormir e acordar, bem como para as refeições. É possível ser mais flexível quanto a esses horários, porém, é importante manter uma rotina também para o sono e a alimentação. “A programação pode ser útil para evitar a ansiedade, mas está tudo bem se não conseguir cumpri-la exatamente como planejado, a rotina não precisa ser rígida”, reforçam as psicólogas. “Aproveite também para desacelerar. Durante a quarentena é possível ler um livro ou ver um filme que estava há tempos na lista, fazer alguma arrumação que ficou pendente, aprender alguma coisa nova e também aproveitar o ócio”, aconselham Aline e Laisla.

Responsabilização

Embora a Covid-19 represente maior risco à vida de idosos e pessoas com comorbidades, o engajamento do jovem no enfrentamento à pandemia é fundamental para conter a propagação da doença. Os psicólogos Ramon Gomes (Campus Alagoinhas) e Igor Malheiro (Campus Guanambi) destacam o desafio de levar ao adolescente a responsabilização por sua saúde e pela do outro, considerando que o cérebro adolescente ainda está em construção. Segundo eles, mudanças de humor e a necessidade de recompensa rápida podem fazer parte do cotidiano adolescente, por isso, é importante que haja, sempre que possível, instruções claras sobre o que pode ou não ser realizado, ainda que sejam gerados enfrentamentos e tensões diante de figuras de cuidado, como pais ou responsáveis. Líderes espirituais, comunitários e artistas com os quais o jovem tenha identificação cumprem papel importante, ao fazerem referência à proteção da saúde de si e do outro, explicam.

Para a psicóloga Gabrielli O. Schramm (Campus Teixeira de Freitas), o consumo de informações corretas e atualizadas é fundamental para despertar a consciência sobre a seriedade do momento. A responsabilidade em relação à saúde do outro anda de mãos dadas com a responsabilidade em relação à própria saúde.

Violência doméstica

Outra preocupação apontada pelas psicólogas Marina Moura (Campus Governador Mangabeira) e Patrícia Vaz (Diretoria de Assuntos Estudantis), também trazida na cartilha, é a violência doméstica, seja ela física, psicológica, patrimonial, moral ou sexual. Elas relatam que, segundo dados do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), em 43,1% dos casos registrados de violência contra mulheres, a agressão ocorre tipicamente na residência da vítima. Dessa forma, o lar, tido, via de regra, como lugar seguro, pode, às vezes, ser justamente o ambiente onde a mulher se encontra em situação de maior vulnerabilidade e exposição. “Na quarentena, a vítima pode estar convivendo com o agressor por longos períodos e enfrentam obstáculos adicionais para fugir dessa situação ou acionar suas possíveis redes de apoio e acolhimento”, alertam.

Segundo a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos (ONDH), só entre os dias 17 a 25 de março, foram recebidas mais de 7 mil ligações entre o Disque 100 (Disque Direitos Humanos) e o Ligue 180 (Central de Atendimento à Mulher) e registrados quase mil denúncias após o período de isolamento social. “Por esses motivos, nossa orientação é que se seu ambiente doméstico lhe for hostil ou violento, denuncie ou peça ajuda para os órgãos competentes como: CREAS (Centro de Referência Especializado a Assistência Social), CRAS (Centro de Referência em Assistência Social) e órgãos de assistência social e segurança da sua cidade; ou denuncie pelo Disque 100, de forma anônima”, orientam as psicólogas.

Saúde do servidor

O IF Baiano não está atento apenas à necessidade de acolhimento dos estudantes: preocupa-se também com a saúde emocional dos servidores neste novo contexto e tem uma Equipe Multiprofissional em Saúde disposta a ajudá-los. Crianças em casa em tempo integral, home office, tarefas domésticas, homeschooling, intensificação dos cuidados com higiene, adaptação dos métodos de trabalho são alguns componentes do novo estilo de vida imposto aos servidores pela pandemia que podem trazer estresse, insegurança e autocobrança.

As servidoras da Equipe Multiprofissional em Saúde da Reitoria, Edna Melo (Psicóloga) e Zildeni Oliveira (Assistente Social), prepararam a cartilha “Qualidade de vida no trabalho em tempos de pandemia“, com algumas orientações para ajudar o servidor a ter bem-estar no trabalho remoto. Para quem está conciliando home office e cuidado com os filhos, na quarentena, a cartilha traz dicas de como abordar o assunto com as crianças e como criar uma rotina saudável para que pais e filhos desenvolvam suas atividades e consigam interagir e descansar.

Edna e Zildeni destacam que é importante evitar a autocobrança e lembrar que a situação atual alterou a rotina de todos em escala global. “É necessário exercitar a paciência e a autocompaixão para evitar mal-estar e estresse”, afirmam. Embora a cartilha elenque uma série de recomendações gerais, como as realidades dos servidores são diversas, Edna e Zildeni aconselham o diálogo com a chefia e com a Equipe Multiprofissional de Saúde, em situações que demandem orientações específicas. Nesses casos, é possível solicitar atendimento através dos e-mails: psicologia.siass@ifbaiano.edu.br e servicosocial.siass@ifbaiano.edu.br.

Como identificar que é preciso ajuda profissional

As psicólogas Luciana Santos (Campus Itapetinga) e Tamires da Silva (Campus Serrinha) afirmam que é comum, no contexto atual, um aumento na incidência de alterações emocionais como intensificação do medo iminente de adoecer e morrer; ansiedade fora do controle, angústia recorrente, sentimentos de desamparo, tédio, solidão, estresse e depressão face ao distanciamento social, dentre outras. “As pessoas possuem estratégias diferentes para enfrentar e lidar com a crise ocasionada. Enquanto algumas possuem um repertório maior de habilidades para vivenciar este momento, outras necessitam de acolhimento e orientação”, explicam.

Segundo Luciana e Tamires, o acompanhamento por profissional de saúde mental poderá ocorrer em qualquer situação em que o indivíduo ou pessoas próximas possam perceber que tais alterações estejam interferindo de forma significativa no funcionamento das atividades fisiológicas (sono, alimentação etc.); psíquicas (estresse, ansiedade); cognitivas (esquecimento, falta de concentração etc.) e sociais (evitar contato verbal e virtual, preferir estar sempre só etc.). Para elas, a atuação desses profissionais torna-se muito importante, pois promoverão ações educativas e preventivas, de modo a evitar a manutenção ou o agravamento desse desconforto emocional após pandemia. As psicólogas recomendam: se você perceber que está sendo difícil lidar sozinho com essas alterações ou que pessoas próximas não estão conseguindo te auxiliar a passar por isso, procure ajuda profissional.

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