Cinco projetos da instituição foram aprovados em edital da Fapesb para alavancar pesquisas com foco em inovação para a agricultura familiar na Bahia
De norte a sul da Bahia, o IF Baiano faz ciência com um olhar especial para a agricultura familiar, setor que é responsável por boa parte dos alimentos consumidos no Brasil. De acordo com o Censo Agropecuário 2017 do IBGE, aproximadamente 77% dos estabelecimentos agrícolas do país são familiares. Além disso, a agricultura familiar é a principal fonte de geração de emprego no campo, representando 67% das ocupações rurais.
Este setor de tamanha importância socioeconômica tem um lugar cativo nos inúmeros projetos de pesquisa desenvolvidos pelo IF Baiano. Cinco desses projetos estão entre os 33 selecionados em toda a Bahia para financiamento pelo Edital FAPESB/SECTI/SDR Nº 015/2023 – Inovações para a Agricultura Familiar no estado da Bahia.
Todos estes projetos têm alguns objetivos em comum: desenvolver ou aprimorar tecnologias para melhorar o bem-estar dos trabalhadores rurais, fortalecer a segurança alimentar e nutricional, impulsionar a transição agroecológica e a produção orgânica, e promover resiliência e adaptação climática na agricultura familiar baiana.
No IF Baiano, estes projetos já começam a dar os primeiros passos. Saiba em quais áreas eles atuam e como suas pesquisas irão contribuir com a agricultura familiar na Bahia:
Quem não conhece o cravo-da-índia? A flor desidratada dessa planta é bastante utilizada na culinária e também na indústria farmacêutica, em áreas da medicina, odontologia e perfumaria. O que talvez nem todo mundo saiba é que a Bahia é o estado de maior relevância na produção dessa cultura, sendo a região do Baixo Sul, a principal área de cultivo.
No Campus Valença, localizado justamente no Baixo sul, pesquisadores do IF Baiano, sob a coordenação da professora Maria Iraildes Matias, realizam pesquisas para desenvolver tecnologias inovadoras para a produção do cravo-da-índia, com foco na agricultura familiar, uma vez que esta cultura representa uma importante fonte de emprego e renda para a região.
A proposta do projeto surge da necessidade de preencher uma lacuna de conhecimento que afeta toda a cadeia produtiva do cravo-da-índia. A falta de informações técnicas – desde o plantio até a comercialização – faz com que os produtores não tenham acesso a nenhum tipo de informação sobre a cultura, o que ocasiona em prejuízos na colheita e comercialização, além da incidência de uma doença que tem dizimado os craveiros.
A ideia, portanto, é trabalhar no desenvolvimento de pesquisas para o controle biológico da doença dos craveiros, para a produção adequada de mudas, manejo das plantas já estabelecidas em campo, e ensaios sobre a fertilidade e conservação do solo, com a utilização de insumos alternativos a partir de biocarvão de resíduos agrícolas, buscando uma agricultura de baixa emissão de carbono.
O projeto encontra-se em etapa inicial de diagnóstico junto a comunidade, reconhecimento de propriedades rurais para coleta de amostras e instalação de experimentos. Também estão previstas capacitações para a comunidade e instituições parceiras, promovendo uma troca de saberes entre o conhecimento ancestral e a academia. Acompanhe os trabalhos do projeto no Instagram.
Por trás da produção do cacau, matéria-prima de um dos alimentos mais consumidos no mundo, está um sistema agroflorestal tradicional e sustentável de grande importância para os agricultores familiares do litoral sul da Bahia: a cabruca.
Neste contexto, atua projeto do IF Baiano – Campus Uruçuca, “Avaliação da vida de prateleira de produtos da cabruca”, outra iniciativa apoiada pelo edital da Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb). O objetivo é fortalecer a agricultura familiar e a economia local do Litoral Sul da Bahia, oferecendo serviços de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) para organizações da agricultura familiar e da indústria da região.
Sob a coordenação do professor Ivan Pereira, o projeto é mais uma ação do Polo de Inovação do IF Baiano – Campus Uruçuca, e conta com a parceria do Centro Estadual de Educação Profissional em Biotecnologia e Saúde (CEEP Biotecnologia e Saúde) e da Cooperativa de Serviços Sustentáveis da Bahia (Coopessba).
A cabruca é um sistema agroflorestal tradicional do sul da Bahia, no qual o cacau é cultivado sob a sombra de árvores nativas remanescentes da Mata Atlântica. Os produtos da cabruca vão além do cacau e incluem outros alimentos resultantes da biodiversidade preservada nesse sistema. O principal objetivo do projeto é desenvolver pesquisas e soluções inovadoras para os desafios enfrentados pela COOPESSBA e por associações da agricultura familiar, especialmente soluções que melhorem a vida de prateleira de produtos da cabruca.
Hoje, a agricultura familiar no contexto da caatinga se beneficia do uso de tecnologias de acesso à água, especialmente nos processos de captação e armazenamento da água da chuva. No entanto, ainda há uma lacuna nos estudos sobre como utilizar de forma eficiente a água captada e armazenada.
É neste desafio que se ampara mais um projeto do IF Baiano voltado para trazer inovação para a agricultura familiar. Realizado no Campus Governador Mangabeira, sob a coordenação do docente Alisson Jadavi, o projeto tem como objetivo promover ações de desenvolvimento tecnológico para a conservação e o uso sustentável da água e do solo em áreas de agricultura familiar que utilizam sistemas de irrigação com captação e uso de água da chuva.
A principal intenção é fornecer conhecimento científico que responda a questões relacionadas ao volume de água necessário para atender às necessidades hídricas de determinadas plantas, e o que fazer para garantir a suficiência do volume de água captado e armazenado por tecnologias sociais para o ciclo completo de desenvolvimento das culturas produzidas no bioma da caatinga.
O projeto atualmente está na etapa experimental. Posteriormente, haverá a socialização dos resultados obtidos.
Outros dois projetos do IF Baiano que compartilham o elo com a agricultura familiar, aprovados no edital Fapesb, são: “Agroextrativismo e beneficiamento da mangaba, visando o desenvolvimento da bioeconomia e geração de renda para a agricultura familiar no Litoral Norte e Agreste Baiano”, coordenado pela professora Cassiane Nunes, no Campus Catu; e o projeto “Mulheres no sertão produtivo: do campo à mesa”, coordenado pela docente Normane Mirele da Silva, no Campus Guanambi.
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