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Pesquisa sobre Educação e Desenvolvimento Sustentável é premiada em evento internacional
Atualizado em 30 de novembro de 2022 às 16h50 | Publicado em 30 de novembro de 2022 às 15h07

Pesquisa revela que professores da educação básica desconhecem os ODS da ONU e não os trabalham em sala de aula

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Você já ouviu falar na Agenda 2030? Conhece algum dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)? Em 2015, na Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU), 193 Estados-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) definiram metas mundiais para que ‘ninguém no mundo fosse deixado para trás’. 

Os 17 objetivos e 169 metas definidos para serem alcançados até 2030 partem de quatro principais dimensões: social, ambiental, econômica e institucional. E defendem que é necessário levar o mundo a um caminho sustentável com medidas transformadoras. 

Faltam apenas pouco mais de 7 anos para 2030, e uma pesquisa do IF Baiano – Campus Valença com professores de uma escola pública, localizada no subúrbio ferroviário de Salvador, revelou que a maioria dos professores da amostra desconhece a Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Para a orientadora da pesquisa, a professora de Biologia, Helenadja Santos Mota, esse é um indicativo relevante da necessidade de destacar o tema nas escolas, apresentando os ODS como eixo norteador do currículo voltado para a Educação para o Desenvolvimento (EDS).

Professores desconhecem ODS

A pesquisa  “Percepciones de los docentes sobre la Agenda 2030 y la educación para lo sostenibilidad” da aluna de Licenciatura em Biologia, Maiara Santos Sales, foi premiada na 14º Edição do Congresso Mesoamericano de Investigação UNACH (CMIU), do México, na modalidade online. O trabalho, orientado pelas professoras Helenadja Santos Mota e Dislene Cardoso de Brito, foi considerado o melhor da categoria “Educacion y la cienicia de la conducta”.

Na pesquisa, os professores responderam um questionário ilustrado com a imagem dos ícones dos 17 ODS da Agenda 2030 e foram convidados a olhar para a imagem e responder a oito perguntas sobre a Agenda 2030 e Educação para a Sustentabilidade. No trabalho apresentado no evento internacional, por questões do limite de espaço imposto pelos organizadores do Congresso, só foram apresentados resultados de duas perguntas: 1) Você já ouviu falar da Agenda 2030 e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU? 2) Quais são os ODS mais importantes para trabalhar a educação para a sustentabilidade em sala de aula?

Sobre essa segunda pergunta, a docente explica que os resultados indicam que o Objetivo 4 (assegurar a educação inclusiva, equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos) foi unânime entre os objetivos escolhidos pelos entrevistados para trabalhar a educação para a sustentabilidade em sala de aula. “Uma maior identificação dos ODS pelos professores se dá claramente pela linha de atuação nas instituições de ensino”, afirma Helenadja. 

Os ODS 15 (vida sobre a terra); 6 (água limpa e saneamento)  e 7 (energia acessível e limpa) foram os mais indicados para trabalhar pelos professores. O ODS 10 (reduzir a desigualdade dentro e entre países) e ODS 1 (acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares) foram os menos indicados. Outros ODS ligados aos Direitos Humanos nem sequer foram considerados como indicativos de dificuldades para alcançar o respeito universal aos direitos humanos, tais como:  a erradicação da pobreza, igualdade de gênero, empoderamento de grupos vulneráveis como crianças, mulheres, pessoas com deficiência, idosos, refugiados, comunidades tradicionais e imigrantes.

“Percebe-se claramente que, apesar da visão holística integradora e indivisível da Agenda 2030 e os seus 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, para essa amostra de professores, a dimensão ambiental ainda é preponderante em relação aos ODS ligados à dimensão humana do Desenvolvimento Sustentável”, conclui a docente. 

A pesquisa faz parte do projeto de extensão desenvolvido no Campus Valença intitulado “Diálogos formativos com professores do Baixo Sul Baiano: Promovendo a Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável nas escolas”. Atualmente, ela está sendo aplicada em 16 escolas nas cidades de Cairu, Tancredo Neves, Igrapiúna, Taperoá, Nilo Peçanha e Valença. O objetivo da pesquisa é mapear percepções de professores da educação básica acerca da Agenda 2030 e da educação para a sustentabilidade, como estratégia para subsidiar indicativos de alcance às metas dos ODS.

Já o projeto de extensão, do qual a pesquisa faz parte, tem como objetivo desenvolver uma formação docente reflexiva sobre a Educação para o Desenvolvimento Sustentável tendo como pilar a Agenda 2030. O projeto conta com a colaboração das docentes Márcia Lúcia dos Santos – UFBA/SEC, Geilsa Costa Santos Baptista – UEFS/UFBA e Ana Maria Santos Gow – UNIFESP e desenvolve ações em escolas, visando evidenciar a Agenda 2030 aos docentes das escolas do Baixo Sul Baiano; apresentar os ODS como eixo norteador do currículo direcionado a uma Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS) e fomentar ações de sustentabilidade nas escolas.

Maiara Sales, premiada em evento internacional conta que o principal desafio foi apresentar a pesquisa numa língua que não é a sua nativa

Nasce uma cientista

Para a aluna premiada, ser bolsista e poder realizar essa pesquisa científica, despertou nela um olhar mais crítico para as questões sociais e ampliou seus conhecimentos. “Aproximando-me o máximo da realidade de sala de aula e da educação, que a Agenda 2030 traz como norteadora para cumprir todas as outras metas”, conta Maiara.

Maiara está no 6° período da graduação, que cursa no período noturno. Antes de ser bolsista do projeto, ela trabalhava em um supermercado, o que atrapalhava o tempo para os estudos, explica a orientadora da pesquisa. Na entrevista de seleção de bolsista, Maiara falou que conseguir a bolsa proporcionaria mais tempo de dedicação à graduação e isso foi crucial para que a docente escolhesse a aluna. Quando conseguiu a bolsa, Maiara saiu emprego e se dedicou muito à pesquisa, trabalhando até mesmo nos finais de semana e feriados. “É nítido o amadurecimento acadêmico que a participação no projeto proporcionou à aluna bolsista. O prêmio foi resultado da sua dedicação ao projeto”, afirma Helenadja.

“Ganhar o prêmio nunca passou pela minha mente, foi mais um trabalho que contribuiu para minha formação, nunca imaginei que ganharia. Concorri com pessoas que estavam na sua casa, ou seja, sua língua materna era o espanhol e fiquei apavorada com isso. Todos os trabalhos eram de grande relevância”, conta a aluna. Para ela, o maior desafio foi apresentar em outra língua que não a sua nativa. “Tive que improvisar com o ‘portunhol’. Foi uma experiência gratificante que, com certeza, levarei para minha vida”, conclui.

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