A jornalista Wanda Chase conversa com 28 convidados especialistas no tema em 12 episódios
A educação para as relações étnico-raciais é tema da nova temporada do Papo Ciência, podcast do IF Baiano, que, em 12 episódios, receberá especialistas e importantes nomes da educação antirracista para discutir o tema. O primeiro episódio vai ao ar no canal Bem Baiano, no Youtube, e nas principais plataformas de podcasts no dia 09 de janeiro, dia em que a Lei 10.639/03, que regulamenta a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-brasileira nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, públicos e particulares, completa 20 anos de promulgação.
A cultura brasileira é diversa e foi influenciada por vários povos: a começar pelos povos originários, primeiros a habitar estas terras; pelos colonizadores portugueses; pelos povos que chegaram de várias regiões da África escravizados, durante todo o período de tráfico negreiro; e, depois, com a imigração, espanhóis, italianos, japoneses, entre outros.
A história e as culturas afro-diaspóricas e indígenas, no entanto, durante muito tempo ficaram fora dos livros, dos registros e das escolas. A Lei 10.639/03 foi instituída para transformar esse cenário. O que mudou nesses 20 anos e o que ainda precisa mudar são reflexões que os 28 entrevistados pela jornalista Wanda Chase trazem para o público do Papo Ciência.
As primeiras convidadas são a professora do IF Baiano, Izanete Marques Souza, e a professora da Universidade Federal de São Carlos, Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva, relatora do Parecer CNE/CP 3/2004 que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.
No episódio, as professoras vão contar como nasce a Lei 10.639/03, quais os princípios que norteiam a educação para as relações étnico-raciais e a importância dessa educação para o combate ao racismo e para que as pessoas sejam valorizadas nas suas especificidades e tenham direito de construir suas humanidades.
A professora Petronilha explica que a educação para as relações étnico-raciais visa que nós aprendamos a valorizar a sociedade que vivemos a partir das nossas raízes étnico-raciais e em diálogo com as demais raízes. “Eu me admirar e estranhar jeitos de ser, de viver, de pensar, de construir a vida, de construir o pensamento, de fazer uma proposta de sociedade não ofende, o que ofende é desqualificar e tentar impor o meu ponto de vista ou o ponto de vista do meu grupo social ou étnico-racial”, afirma a docente.
Sobre a temporada
De acordo com a idealizadora desta temporada, a relações públicas do IF Baiano, Cássia Costa, a ideia de trazer essa temática para o podcast surge a partir das provocações e reflexões de professores(as) do Programa de Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT) do Instituto Federal da Bahia (IFBA), do qual ela é aluna. Especialmente, das reflexões da docente Mariana Fernandes dos Santos e do professor Leonardo Rangel, que vêm discutindo as bases conceituais da Educação Profissional e Tecnológica (EPT) e a necessidade de se fazer pensar e sentir outras práticas pedagógicas, entre elas, as antirracistas, já propostas pela Lei nº 10.639/03.
A relações públicas destaca que, de acordo com dados da Plataforma Nilo Peçanha, 68,14% dos estudantes do IF Baiano se declaram pretos ou pardos. “Idealizamos traçar um diagnóstico de como está a implementação da lei no IF Baiano, trazendo para o debate os principais “gargalos”, limitações e dificuldades, bem como práticas exitosas e os avanços do debate étnico-racial dentro da nossa instituição”, conclui.
A expectativa de Cássia com a nova temporada do Papo Ciência é de que ela promova, a cada episódio, reflexões na comunidade acadêmica sobre práticas diárias dentro e fora das salas de aula para a promoção de uma educação antirracista no instituto. “Esperamos ainda que o programa sirva como arcabouço teórico para o desenvolvimento de novas pesquisas sobre a temática dentro e fora do IF Baiano”.
Veja quem são os entrevistados da temporada e acompanhe o cronograma de lançamento dos episódios:
09.01 – A Lei nº 10.639/03 com as professoras Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva (UFSCAR) e Izanete Marques Souza (IF Baiano)
16.01 – Racismo Institucional com o Prof. Samuel Vida (UFBA) e a Profa. Rafaela Magalhães (IF Baiano)
23.01 – Implementação da Lei nº 10.639/03 com a Profa. Shauane Nunes e a psicóloga Laisla Rocha, servidoras do IF Baiano
30.01 – Diálogos Plurais sobre educação, produção e difusão dos conhecimentos afrocentrados com Profa Eliane Boa Morte (Coordenadora do Núcleo de Políticas Educacionais das Relações Étnico-Raciais – NUPER, vinculado à Diretoria Pedagógica da Secretaria Municipal de Educação de Salvador) e Prof. Roberto Carlos (IF Baiano)
06.02 – Descolonização Curricular com as professoras Mariana Fernandes dos Santos (IFBA) e Priscila Ferreira de Oliveira (IF Baiano)
13.02 – O ensino das Artes e a Lei nº 10.639/03 com o Prof. Tássio Ferreira (UFSB) e a Profa. Nelma Cristina Matos (IF Baiano)
20.02 – O ensino da Matemática e a Lei nº 10.639/03 com a Profa. Simone Moraes (UFBA) e o Prof. José Carlos Ferreira (IF Baiano)
27.02 – O ensino de História e a Lei nº 10.639/03 com os professores do IF Baiano, Eberson Teixeira e Chintamani Alves
06.03 – O ensino de Literatura e Língua Portuguesa e a Lei no 10.639/03 com o escritor angolano, João Canda, a Profa. Fernanda Machado e o Prof. Jorge Augusto Silva (IF Baiano)
13.03 – A institucionalização da Lei nº 10.639/03 com Prof. Leonardo Rangel (IFBA) e os professores do IF Baiano Carlos Ailton Silva e Helyom Viana Teles
20.03 – Os Neabis e a implementação da Lei nº 10.639/03 com os representantes de Neabis do IF Baiano, Prof. Bruno da Mata, Prof. Juracy Lima, Prof. Geovanio Nascimento e Prof. Ivo Ferreira
27.03 – Uma educação antirracista: a Lei nº 10.639/03 em prática com Profa. Bárbara Carine (UFBA), Profa. Cristiane Coelho (Escolinha Maria Felipa) e professores(as) do IF Baiano participantes do debate
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