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Mulheres no esporte: neste mês das mulheres conheça a trajetória da única medalhista baiana no JIF 2023 e de sua professora
Atualizado em 8 de março de 2024 às 11h13 | Publicado em 8 de março de 2024 às 10h08

Layla Cruz conquistou medalhas de prata e bronze no atletismo do JIF em 2023

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“Lugar de mulher é onde ela quiser”. Você já deve ter ouvido essa frase de mulheres, reafirmando o que deveria ser óbvio, o que deveria ser direito. A estudante Layla Cruz não se intimida quando encontra barreiras no caminho pelo fato de ser mulher. Entre os tantos lugares e papéis que Layla, aluna do IF Baiano – Campus Serrinha, quer ocupar, o esporte é  um dos seus preferidos e ela mostrou, para a comunidade do IF Baiano, o quanto as mulheres são atletas talentosas, ao ser a única medalhista do IF Baiano na competição nacional que reúne as campeãs e os campeões dos Jogos Estudantis Regionais dos Institutos Federais. 

A aluna, que competiu na modalidade atletismo no último JIF, realizado em outubro de 2023 em Fortaleza, e trouxe para o IF Baiano a medalha de prata nos 100m e bronze nos 200m, tornou-se referência para as meninas do seu campus que passaram a se inspirar nela e desejar estar na próxima competição nacional também. “É extremamente importante para mim conquistar esse espaço como mulher no esporte,  servir como referência para que outras meninas possam dar continuidade e sonhar grande no mundo do esporte, isso faz com que eu me sinta ainda mais pertencente a tal espaço”, conta Layla. 

Para Layla, é através da força das representações femininas no esporte que o espaço para as mulheres nessa atividade tem aumentado e se solidificado, ainda que a desigualdade entre homens e mulheres no esporte, tanto em participação quanto em salários e valorização, seja muito grande. Sua maior inspiração no esporte é Marta, jogadora de futebol feminino da seleção Brasileira, eleita seis vezes a melhor do mundo, e, para Layla, exemplo de superação e luta por igualdade. Mas Layla também tem outra grande inspiração no esporte, esta ela conhece de pertinho e foi fundamental para o seu desempenho no JIF: sua treinadora, a professora Karine Miranda da Silva Pettersen.

A relação de Karine com a prática de atividade física começa desde a infância, com os jogos e brincadeiras de uma criança criada no interior. Tendo a oportunidade de correr, pular, saltar, fazer dança, capoeira e natação, Karine foi pegando gosto por colocar seu corpo em movimento e percebeu o quanto isso fazia bem para ela, não só fisicamente, como socialmente e emocionalmente.

A vida profissional de Karine não começa na Educação Física, mas sim na Psicologia. No entanto, enquanto estudava psicologia, ela percebeu a importância do papel do professor de Educação Física para a saúde mental e o quanto ele pode ajudar no desenvolvimento do aluno. “O professor de Educação Física vai trabalhar com uma série de variáveis, de valores, de sentimentos que são difíceis de serem trabalhados em outras disciplinas, como, por exemplo, a capacidade de lidar com a vitória, com a derrota, o trabalho em grupo, a frustração, a preocupação com os colegas na prática dos jogos, do esporte, a importância de respeitar o seu oponente”, explica.

Percebendo o quanto a prática do esporte desenvolve habilidades da vida social e emocional, assim que terminou a Faculdade de Psicologia, ela se propôs a estudar Educação Física para fazer esse tipo de trabalho com adolescentes e jovens.

Ao ingressar nessa área, uma das dificuldades que a docente encontrou foi a misoginia, pois há até hoje uma hegemonia masculina nos esportes. Ela explica que na nossa sociedade as mulheres sempre estiveram muito mais envolvidas com as práticas domésticas e com os cuidados da família do que os homens. Envolvidas com esse cuidado, elas acabam não tendo tempo e oportunidade para praticar exercícios físicos e esportes em geral. Tal disparidade criou um ambiente de valorização apenas do esporte masculino, dando maior visibilidade e melhores salários aos homens e negando às mulheres a oportunidade de praticar algo que faz bem para a saúde física e mental.

“Na época da minha educação básica, eu observava, por exemplo, nas aulas de educação física, que os meninos tinham muito mais oportunidade de fazer atividade física, eles tinham mais opções de práticas esportivas, a eles era permitido um tempo maior de prática de atividade física e para as meninas sempre haviam outras atividades propostas naqueles horários”, conta a professora. Karine explica que as meninas eram mais direcionadas a atividades como dança, por ser algo mais delicado, mais associado à características ditas “femininas”. “Assim, as meninas ficavam ensaiando coreografias, dançando, fazendo ‘jogos de meninas’, enquanto os meninos praticavam esportes. Então, desde a educação básica eu observei isso e isso foi algo que eu tentei e tento até hoje mudar na minha prática enquanto professora de Educação Física”, afirma.

Ano passado, por exemplo, na preparação para os jogos estudantis, ela propôs a uma das alunas que se inscrevesse no arremesso de peso e a aluna questionou: “Mas, professora, eu nunca fiz, eu não sei como é”. Karine a estimulou a aprender e testar sua participação nos jogos e a aluna ganhou a medalha de prata no JEIF. Hoje, essa aluna é super interessada em se aperfeiçoar no esporte. “Então, são oportunidades que precisam ser oferecidas ao aluno porque desperta neles desejos, sonhos, conhecimentos, habilidades, entre muitas outras coisas”, explica.

Para a docente, o panorama das mulheres no esporte está mudando e já se vê uma participação feminina cada vez maior. “Nós tivemos, ano passado, a nossa aluna Layla, que foi a nossa representante do IF Baiano no JIF e foi a única atleta da Bahia a ir para os jogos nacionais”, conta Karine. A professora avalia que foi uma conquista muito importante que a única representante em toda a Bahia tenha sido do sexo feminino. “É uma menina, negra, aluna de uma escola pública, que teve a oportunidade de viajar para um outro estado e de mostrar a sua habilidade. Hoje, na escola, ela é uma grande referência, não só no nosso campus como em todos os outros campi. Os outros alunos ficam sempre perguntando sobre como foram os treinos dela, se eles podem um dia conseguir chegar ao feito dela. As próprias meninas também ficam pedindo várias sugestões a ela, conversando e sempre que ela aparece nos treinos os alunos ficam super emocionados, super curiosos e isso tem estimulado muito a prática do atletismo, no nosso campus”, explica Karine.

A docente conta que, desde a conquista de Layla no JIF, a procura por atletismo aumentou significativamente e esse interesse dos estudantes pelo esporte tira-os das telas e do sedentarismo, dois grandes problemas que as crianças e jovens enfrentam atualmente. 

Layla segue treinando para representar o IF Baiano no JIF novamente em 2024 e pretende seguir praticando atividade física, mesmo após concluir seus estudos. “O esporte em minha vida, para além das competições, significa muito, as práticas esportivas me fazem estar bem fisicamente e mentalmente, pretendo continuar treinando, competindo e  buscando minha evolução como pessoa. Estarei disposta para as oportunidades”, afirma a aluna.

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