No Dia de Proteção às Florestas, Instituto destaca a importância de profissionais que atuem contra a degradação ambiental
Hoje, 17 de julho, é o Dia de Proteção às Florestas e, mais do que nunca, as florestas brasileiras precisam de proteção. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) revelam que, até 1975, o desmatamento na Amazônia Legal era de apenas 0,56%. Em 2019, a mesma região já tinha 20% de área desmatada. E em 2020, os dados são ainda mais alarmantes: em meio à pandemia, o mês de abril registrou aumento de 171% comparado a abril do ano passado. As consequências dessa enorme derrubada de florestas no Brasil afetam não só a diversidade de vidas presentes no habitat desmatado, mas a vida humana em toda parte do globo terrestre. Desde 2011, o IF Baiano tem atuado na formação técnica de profissionais florestais, capazes de produzir riqueza a partir do manejo e conservação dos recursos naturais e da recuperação dos ecossistemas degradados.
Segundo Rodrigo Quoos, docente e coordenador do curso Técnico em Florestas do Campus Teixeira de Freitas, o curso tem como princípios norteadores ensinar que a floresta pode produzir madeira, mas produz, principalmente, qualidade de vida, alimento e gerações de famílias que respeitam sua fonte de recursos naturais. “Hoje, o curso tem diversas disciplinas com enfoque nos produtos não madeireiros e na concepção de que sem floresta não há vida plenamente humana na Terra, algo que parece ter sido deturpado nessa globalização e modernização do mundo”, explica Rodrigo.
Sobre a crescente destruição da Floresta Amazônica, Rodrigo explica que ela segue a teoria do boom-colapso, em que a floresta dá lugar à pastagem e a pastagem dá lugar à soja. Quoos detalha o processo: “Primeiro temos uma explosão do mercado madeireiro, seguido da explosão do mercado de terras e a consequente transformação da floresta, exuberante e rica em produtos e serviços ambientais, em pastagens. Assim que as pastagens se tornam degradadas, vem o agronegócio da soja e grãos e ocupa esse espaço. As consequências para a floresta são trágicas, há enorme perda de habitat para espécies vegetais e animais e também a fragmentação da floresta, restando remanescentes florestais apenas em unidades de conservação e/ou proteção integral”. O docente, ressalta, entretanto, que até esses mecanismos institucionais de conservação têm sido agredidos, haja vista a enorme invasão de grileiros, posseiros e garimpeiros atrás das riquezas da floresta ou abaixo dela.
Bioeconomia
Para Rodrigo, se o país apostar em estratégias econômicas que mantenham as florestas preservadas, ele tem a chance de crescer e sair da crise mundial causada pela pandemia de Covid-19, justamente por ser uma nação florestal. Através da bioeconomia, é possível produzir riqueza e gerar renda a partir de recursos biológicos, de forma sustentável. “Hoje, temos diversos produtos oriundos da floresta em pé. Não precisamos derrubá-la para produzir os chamados produtos florestais não madeireiros. Já temos inúmeras cadeias produtivas com espécies florestais nossas, como pinhão, castanheira, pequi, cacau, babaçu, carnaúba, piaçava, açaí, entre outras espécies que transformam nosso país na maior sociobiodiversidade do planeta”, explica.
A bioeconomia trouxe à tona a discussão sobre a escassez dos recursos e consequente perda econômica. Rodrigo aponta que, ao longo de sua história, o Brasil sempre foi um país economicamente dependente dos recursos naturais: pau-brasil, cana-de-açúcar, café, pinho, entre outros. Hoje, o que se quer com a bioeconomia é que haja sustentabilidade na atividade econômica, e ela não deve ser só financeira, ressalta o professor, precisa também considerar os aspectos ambientais e sociais. “Portanto, devemos, sim, usar nossos recursos florestais, mas baseados nos princípios do manejo florestal sustentável, onde devemos deixar para as futuras gerações, no mínimo, uma situação igual ou melhor à nossa e não uma terra arrasada, suscetível à desertificação como já vemos em alguns biomas brasileiros”, afirma Quoos.
Povos tradicionais
Rodrigo destaca o conhecimento agregado de gerações inteiras de povos tradicionais que comprovam que a floresta em pé tem muito mais valor. Populações, atualmente, em extrema situação de vulnerabilidade pelo alastramento da Covid-19 e intensificação do desmatamento em terras indígenas. Sobre a relação do Instituto com o conhecimento ancestral das comunidades tradicionais, o professor afirma que o Instituto tem buscado trazer apoio para a organização dessas comunidades, conhecer os caminhos trilhados por elas na relação com a floresta e não mostrar o caminho. “Essas populações detêm um conhecimento acumulado de gerações e a ciência tem papel relevante em validá-los, por isso, a partir desse conhecimento, crescem os estudos sobre substâncias novas que podem gerar cosméticos, medicamentos, vacinas etc., além da produção de mudas e sementes, a fim de resgatar espécies que ou se perderam ou estão sendo esquecidas pela sociedade”, afirma.
Projetos
Na formação dos Técnicos em Florestas, os estudantes têm acesso a uma série de projetos de fortalecimento das práticas sustentáveis de coleta, manejo e produção dos produtos florestais. “Entre nossos projetos, temos o Bosque Dendrológico, que é uma coleção de espécies florestais; temos as trilhas ecológicas, fruto de um projeto de extensão que leva a população até a floresta, justamente para não perdermos o contato com a natureza; temos o projeto de Sistemas Silvipastoris com espécies nativas da Mata Atlântica; o projeto de pesquisa de recuperação de muçunungas, que é uma vegetação endêmica da região. Todas essas atividades são em conjunto com o programa Arboretum, uma grande iniciativa interinstitucional, da qual o IF Baiano faz parte e o curso de Florestas atua”, relata o coordenador do curso, que destaca o papel estratégico da formação profissional em florestas na proteção dos recursos ambientais do país, em tempos de tanta degradação. “A importância do profissional técnico em florestas nessa nova década será determinante na recuperação e manutenção dos ecossistemas florestais, aliando a produção de matérias primas de base florestal com a recuperação de ecossistemas degradados e respeitando os princípios da sustentabilidade e da qualidade de vida no planeta”.
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