O Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) concedeu ao Instituto Federal Baiano (IF Baiano) a Patente de Invenção do processo “Extração de amido do fruto da pupunheira (Bactris gasepaes Kunth)”, nesta terça-feira, 23 de março, por meio da publicação da carta-patente Nº BR 102015024387-1. Este é o primeiro registro de carta-patente conferido ao Instituto.
O INPI concede três tipos de patentes: Patente de Invenção, Modelo de Utilidade e Certificado de Adição de Invenção. No caso da Patente de Invenção, são reconhecidos produtos ou processos que atendam aos requisitos de atividade inventiva, novidade e aplicação industrial. Com a patente, o IF Baiano detém todos os direitos de cessão e licenciamento da tecnologia pelo período de 20 anos a partir da data do depósito. O pedido de patente foi depositado junto ao INPI em 23 de setembro de 2015.
A patente conquistada se refere ao processo “Extração de amido do fruto da pupunheira (Bactris gasepaes Kunth)”, o qual é resultado de pesquisas iniciadas com o projeto de doutorado do docente titular do IF Baiano, Biano Alves de Melo, junto ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Industrial da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia (UFBA), sob a orientação dos docentes Karen Pontes e Paulo Almeida (que também assinam a autoria do projeto). Os trabalhos foram desenvolvidos com o apoio integral do Centro de Tecnologia de Alimentos (CTA) do IF Baiano, Campus Uruçuca. A pesquisa também teve o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Bahia (Fapesb).
Sobre a invenção
O processo inovador tem o objetivo de isolar e caracterizar grânulos de amido do fruto da pupunheira (Bactris gasepaes Kunth), a pupunha, para possíveis aplicações na área de alimentos e embalagens biodegradáveis.
O que motivou os pesquisadores foi a observação de que grandes volumes de resíduos sólidos (material descartado durante a exploração agroindustrial da pupunha) vinham sendo gerados, principalmente na região sul da Bahia, onde está localizado o Campus Uruçuca do IF Baiano.
“Na Região Sul da Bahia, maior produtora de pupunha do Brasil, sua produção é totalmente destinada à obtenção de sementes, já que o país impõe severas barreiras sanitárias quanto à sua importação, pois existe o risco de introdução de pragas quarentenárias no Brasil, principalmente a monilíase do cacaueiro”, explica o pesquisador e autor da patente, Biano Alves.
Ao identificarem que a polpa do fruto, rica em amido, tinha grande potencial de uso principalmente na alimentação humana, os pesquisadores pensaram em uma alternativa de melhor aproveitamento da polpa, que vinha sendo subutilizada. No entanto, para realizar a extração do amido com bom rendimento, a equipe se deparou com um obstáculo: era preciso fazer o isolamento dos grânulos (partículas visíveis em microscópio) do amido, um procedimento que se mostrou complexo e demorado, sobretudo em função dos pigmentos presentes na polpa.
Buscando otimizar o processo, surgiu a inovação: desenvolver uma nova metodologia que permitisse o isolamento desses grânulos, preservando o rendimento e a pureza dos mesmos.
“A inovação se deu em quatro etapas, sendo a primeira direcionada à otimização da extração do amido do fruto da pupunheira, a segunda etapa à caracterização química e funcional do amido, a terceira etapa ao estudo das propriedades térmica, morfológica e estrutural do amido e a quarta etapa à aplicação do amido obtido em alimentos e na produção de um compósito termoplástico biodegradável”, relata o pesquisador do IF Baiano.
O compósito termoplástico biodegradável é outra inovação resultante da pesquisa e também já foi depositada junto ao INPI, sob registro nº BR20201602354.
Resultados e contribuições
Com a otimização do processo, os pesquisadores obtiveram resultados promissores que confirmaram a viabilidade da extração de amido do fruto da pupunheira, a exemplo da importância do hidróxido de sódio (NaOH) e do tempo de decantação para o aumento do rendimento e da pureza dos grânulos.
O pesquisador elenca ainda outras importantes descobertas da pesquisa: “Com relação à caracterização química e funcional do amido, os grânulos apresentaram alta pureza, uma vez que os teores de cinza, lipídios e proteínas foram baixos, grande concentração de amilopectina, baixa solubilidade em água e baixa resistência à elevação da temperatura. Verificou-se também bandas espectrais atribuídas às ligações entre os átomos das moléculas de amilopectina, amilose e água, além de cristalinidade padrão tipo C, que torna o amido mais resistente ao ataque enzimático e à degradação térmica”.
Ainda de acordo com o inventor, a otimização do processo de extração e os resultados obtidos a partir dele trazem contribuições importantes para a cadeia produtiva da pupunheira. “As propriedades do amido do fruto da pupunheira indicam um potencial de aplicação bastante amplo, podendo ser aproveitado diretamente nas indústrias de alimentos, cosméticos, fármacos ou de termoplásticos destinados à confecção de materiais para os quais o caráter biodegradável seja desejável”, explica Biano Melo.
Inovação do IF Baiano
A conquista da primeira carta-patente do IF Baiano marca o caminho ascendente de incentivo à inovação na instituição. Entre 2015 e 2021, o IF Baiano, com o apoio do Núcleo de Inovação (NIT), setor da Pró-reitoria de Pesquisa e Inovação (Propes), depositou junto ao INPI, 19 pedidos de patentes e 9 pedidos de registro de programas de computador, que aguardam deferimento (é possível consultar os pedidos no site do INPI).
Para a pró-reitora de Pesquisa do IF Baiano, Luciana Mazzutti, a concessão da carta-patente reafirma a qualidade do trabalho da comunidade científica da instituição. “Um registro dessa ordem se traduz, primordialmente, na felicidade de contribuirmos de forma inovadora com o progresso científico e social, de modo sustentável. É importante também para reafirmar a nossa vocação científica, tecnológica e educacional, com vistas a atender às demandas sociais”, ressalta.
Ainda segundo a gestora, os ganhos da concessão da carta-patente promovem “motivação e incentivo aos servidores e estudantes da instituição para o desenvolvimento de pesquisas e inovações; alinhamento entre progresso e sustentabilidade no atendimento às demandas sociais; competitividade e visibilidade para parcerias futuras interinstitucionais”.
Outro importante passo para incentivar a inovação e a pesquisa científica e tecnológica em interação com a sociedade, foi dado com a aprovação, em junho de 2020, da Política de Inovação do IF Baiano. O documento direciona e orienta sobre ações que estimulem a geração, o desenvolvimento e a difusão de tecnologias resultantes da pesquisa e inovação realizadas na instituição e por meio de parcerias.
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