Estudante concluiu curso de Engenharia Agronômica do Campus Bom Jesus da Lapa
Inclusão e igualdade aplicadas na prática na educação levam a grandes conquistas. Foi isto que conduziu a estudante do curso de Engenharia Agronômica no Campus Bom Jesus da Lapa, Celiane Teles, a tornar-se a primeira estudante surda a se formar em um curso de graduação no Instituto Federal Baiano. Sua formatura, juntamente com a dos colegas de curso, aconteceu na última sexta-feira, 11 de abril.
A jornada acadêmica da estudante culminou com a defesa do seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), realizada em 21 de março, que tem como tema o “Efeito residual de adubos verdes sobre Mirmecofauna Edáfica”. No processo de desenvolvimento da pesquisa, e durante a jornada de estudos no IF Baiano, foi acompanhada pelo Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE) do campus, e apoiada por professores e colegas.
A estudante conta que desde que chegou ao Campus Lapa, em 2016, sentiu-se acolhida pelo ambiente e pelas pessoas. No entanto, o receio de enfrentar o TCC sempre pairava em sua trajetória. “No 8º semestre, a insegurança aumentou. Eu achava que não conseguiria desenvolver nenhum tema”, relembra. Foi com o apoio de amigos, professores e da equipe do NAPNE que ela encontrou forças para superar os desafios. Palavras de incentivo e orientações qualificadas fizeram toda a diferença, ajudando a estudante a manter o foco e a confiança. “Esse suporte foi essencial para que eu conseguisse vencer essa etapa tão importante”, afirmou.
Acompanhamento e inclusão
A apresentação do TCC da aluna foi um exemplo de como o trabalho colaborativo entre os servidores contribui para o sucesso dos estudantes com necessidades específicas. Durante a defesa, os docentes da banca avaliadora receberam orientações específicas do NAPNE sobre como conduzir a avaliação de Celiane. As intérpretes mediaram continuamente a comunicação entre a estudante e os professores, garantindo acessibilidade sem comprometer o rigor acadêmico.
Para o professor Emerson Alves, que orientou o trabalho de Celiane, a inclusão acadêmica exige planejamento colaborativo e atenção às necessidades específicas dos alunos. “Quando vou orientar o TCC de uma estudante surda, sei que preciso planejar com atenção e em colaboração”, afirma. Ele explica que reuniões regulares com o NAPNE ajudaram a definir metas claras e adaptar métodos de ensino. “Em cada encontro, explicamos o objetivo de cada atividade para que a orientação seja feita sob medida para as necessidades dela”, completou.
O professor também enfatizou que a formação técnica deve estar alinhada ao desenvolvimento humano. “Os Institutos Federais, e em especial o IF Baiano, buscam atender às demandas técnicas e científicas do mundo do trabalho sem esquecer que estamos formando cidadãos críticos e reflexivos”, diz. Para ele, a inclusão é um pilar essencial, não apenas para cumprir preceitos constitucionais, mas para construir um ambiente acadêmico verdadeiramente equitativo.
Para a intérprete de Libras do campus, Luciana Cardial, flexibilização de prazos também foi um fator crucial para o sucesso do projeto. “Todo o conteúdo precisava ser traduzido para Libras e depois retornado ao português para fundamentar o texto”, explica. A parceria com professores na busca de referências acadêmicas também foi fundamental. “As referências eram traduzidas para Libras para que Celiane pudesse acessar as informações”, completa.
Formatura
No dia 11 de abril, ocorreu a cerimônia de formatura de Celiane e de outros 25 formandos da turma 2019.2, concluintes do semestre 2024.1, do curso de Engenharia Agronômica. O evento foi realizado no teatro Pedro de Oliveira Damascena, em Bom Jesus da Lapa, reunindo familiares e amigos dos estudantes, professores do campus, equioe do Napne, e intérpretes de Libras.
Confira as imagens da Formatura:
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