No dia 29 de abril de 2025, a estudante Ana Luísa de Almeida Costa, do 3º ano do curso técnico em Agroindústria do IF Baiano – Campus Itaberaba, tomou posse em Brasília como integrante do novo Conselho Consultivo de Adolescentes e Jovens do UNICEF. O grupo, conhecido como Conselho Jovem, é composto por 20 integrantes de diversas regiões do Brasil e atua na formulação de propostas voltadas a direitos fundamentais da juventude, como justiça climática, saúde menstrual, cultura, antirracismo e questões indígenas.
A chegada de Ana Luísa ao Conselho é fruto de um processo construído desde seu ingresso no IF Baiano, em 2023. Foi ali que ela se aproximou de espaços como o Núcleo de Cidadania de Adolescentes (NUCA) do município de Itaberaba e o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (NEABI) do campus. Ambos os núcleos se tornaram pontos de partida para sua participação em eventos e debates sobre temas sociais. “Foi tudo uma coisa que acarretou outra”, diz Ana Luísa. “Se eu não tivesse vindo pro IF, não teria entrado no NUCA, e sem o NUCA eu não estaria hoje no Conselho”.
Com apoio da professora Heloísa Martins, que acompanha o NUCA no campus, e da mobilizadora municipal Lanna Rodrigues, Ana Luísa passou a integrar atividades formativas e ações de cidadania promovidas em articulação com o UNICEF. “Desde o início, Ana Luísa demonstrou uma postura muito comprometida, sempre buscando contribuir com ideias e participar ativamente das atividades”, relata a professora.
O reconhecimento por sua atuação veio ainda em 2024, quando Ana Luísa foi convidada a representar o NUCA de Itaberaba no evento regional da UNICEF em comemoração aos 35 anos da Convenção sobre os Direitos da Criança, no Panamá. Foi a primeira viagem internacional que fez como militante. Nela, apresentou experiências vividas com o grupo de jovens da cidade, reconhecido por sua atuação consistente. “O nosso NUCA é visto como referência fora da Bahia. O selo do UNICEF que a gente conquistou também é reflexo desse trabalho em grupo. Todo mundo viu que está unido”, lembra.
Na trajetória da estudante, os espaços de debate e convivência no IF Baiano funcionaram como pontos de escuta e acolhimento. O NEABI, onde também participa, aprofundou o contato com pautas étnico-raciais, tanto no estudo quanto na vivência. “Quando eu ia pras viagens, falava do IF, do NUCA, do NEABI, do que a gente fazia”, conta. “Essas pessoas que estiveram comigo, que construíram isso junto, também estão lá comigo quando eu falo em nome do território”.
A experiência com o Conselho Jovem tem sido, para Ana Luísa, uma continuidade de seu percurso de formação política. “O Conselho é um espaço aberto. A gente fala o que pensa, escuta o outro, e constrói junto. Cada pessoa ali representa uma realidade diferente. Isso faz pensar que o futuro pode ser outro”, reflete.
Ela reconhece que ocupar esse tipo de espaço ainda é algo distante da maioria dos jovens, especialmente dos adolescentes. “A gente vive num mundo adultocêntrico, onde os adolescentes quase não têm vez. O Conselho é uma tentativa de romper com isso”, diz. Por isso, insiste que sua atuação não é individual. “Não é só o que eu penso. Estou representando as pessoas do meu convívio, o que a gente vive no território”.
Para a professora Heloísa, a trajetória de Ana Luísa evidencia como políticas públicas e instituições de ensino como o IF Baiano têm papel determinante na formação de sujeitos críticos. Mais que oferecer um curso técnico, o Instituto se consolida como ambiente onde a juventude experimenta formas de participação, articulação e presença nos debates públicos. “O NUCA é um espaço que deveria existir em todo lugar. Ele mostra caminhos para quem está perdido, direciona, dá sentido”, afirma a estudante. A voz que hoje ecoa de Itaberaba em reuniões do UNICEF começou a se formar nas salas, encontros e projetos do IF. E continua a falar não só em nome próprio, mas também das muitas juventudes que seguem buscando espaços para existir e transformar.
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