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Arvorecer Negro celebra ritmos da diáspora e reafirma a força da arte e dos saberes ancestrais
Atualizado em 17 de novembro de 2025 às 09h10 | Publicado em 13 de novembro de 2025 às 08h29
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Com o tema “Ritmos da diáspora: arte e conhecimento em movimento”, o sétimo Arvorecer Negro está movimentando o Campus Teixeira de Freitas com exposições, instalações artísticas, feira de artesanato e agricultura familiar, apresentações culturais, lançamentos de livros e ampla participação da comunidade interna e externa. São três dias de evento — 11, 12 e 13 de novembro — com oficinas, minicursos, mesas-redondas e apresentações de trabalhos, reunindo cerca de 800 pessoas entre estudantes, pesquisadores, professores e visitantes.

A proposta do Arvorecer busca contribuir para o enfrentamento ao racismo estrutural, com especial atenção às realidades socioculturais do Brasil e do Extremo Sul da Bahia. Os ritmos da diáspora ecoam como pulsações vivas de resistência, memória e reinvenção: cada batida, cada traço artístico, carrega saberes ancestrais que atravessaram oceanos e fronteiras, moldando culturas em constante transformação. A arte da diáspora não é estática — ela dança, canta e escreve os caminhos de povos que, mesmo deslocados, mantêm vivas suas raízes — entrelaçando conhecimentos tradicionais e expressões contemporâneas.

Para a presidente da comissão organizadora e uma das idealizadoras do evento, a professora Dhanyane Alves Castro, esta edição destacou ainda mais a dimensão artística do evento. “A gente sempre teve essa compreensão dentro do evento de que a integração artístico-cultural não é só entretenimento”. Ela lembra que a arte é intrínseca aos valores da ancestralidade e aos princípios civilizatórios afro-brasileiros, e que, neste ano, o tema favoreceu uma presença ainda maior de oficinas, mesas e trabalhos nessa perspectiva.

Com 56 apresentações de trabalhos científicos nesta edição, Dhanyane chama a atenção para o fato de que a academia costuma considerar essa parte como a parte séria de um evento acadêmico como o Arvorecer, como se oficinas ligadas à arte e ao corpo, como a de carimbó, que ocorreu na manhã desta terça, não produzissem conhecimento. “Eu tenho enfatizado que a seriedade e a alegria estão conectadas nesse movimento circular que é a proposta que o evento trouxe nesta edição”, afirma a docente.

O Campus Guanambi esteve presente no evento com nove alunos do Grupo de Pesquisa HAFROQI, apresentando trabalhos e conduzindo oficinas e minicursos, acompanhados de sua orientadora Daniele de Brito Trindade. Os alunos que este ano tiveram intensa participação em eventos acadêmicos, como o ENNEABI e o COPENE, fizeram uma homenagem à orientadora por todo o incentivo ao desenvolvimento profissional e acadêmico que vêm recebendo dela. João Vitor dos Santos Ramos ficou feliz em encontrar uma sala cheia e diversa no minicurso que ministrou sobre saberes, sabores e brincares que valorizam as PANCs da Caatinga. “A gente encontrou um público bem diverso de estudantes, estudantes de Agronomia, de Florestas, estudantes também de administração e até mesmo professores, o que foi bem legal, porque normalmente a gente está acostumado com um público bem nichado mesmo  de algum curso específico nessas oficinas. A gente traz para cá o nosso grupo de pesquisa o HAFROQI – História, Memória, Identidade Afro-Brasileira, Quilombola e Indígena do Sertão Produtivo, com diversos trabalhos em diversos eixos”.

Já Fernanda da Silva Santos afirma que volta para Guanambi com uma bagagem enrome e ressalta que a grande importância de circular com esses trabalhos pelo Brasil é disseminar os saberes quilombolas de seu território. Para ela, é muito gratificante ver como essas pesquisas são recebidas e elogiadas pelos avaliadores. “Ver os olhos deles brilhando quando a gente está apresentando é algo que a gente nunca imaginaria, entendeu? A gente começa com um trabalho, um projeto de extensão e a gente não tem noção de como esse projeto pode ser grandioso”. Além de disseminar os saberes das comunidades quilombolas do Sertão Produtivo Brasil afora, o grupo volta para o seu Território e leva para as comunidades a devolutiva que vêm recebendo nos eventos.

Segundo a docente, o Arvorecer Negro não é para entretenimento, mas o entretenimento está presente no evento de forma integrada à produção de saberes, pois os saberes negros são encarnados e não se separam de suas práticas, seus ritos, cantares e dançares.

Entre as atividades, a oficina de tranças afro da estudante Emanuele do Nascimento, do curso de Engenharia Agronômica, atraiu grande público. Ela aprendeu a trançar os cabelos durante sua transição capilar e transformou essa vivência em partilha e profissão. “Comecei a fazer os penteados em mim e as pessoas próximas começaram a se interessar também e foi aí que eu comecei a trabalhar com tranças, comecei fazendo de graça e depois pelo interesse das pessoas, comecei a trabalhar com isso”, relata. Para Emanuele, muitas meninas buscam a oficina como apoio nesse processo de reconexão com a própria identidade, que é a transição capilar, e, nesse contexto, as tranças exercem papel fundamental na autoestima delas.

Já Isadora Vieira, estudante do curso Técnico em Administração e monitora do evento, vê o Arvorecer como uma oportunidade de praticar o que vem aprendendo no curso. “Nosso trabalho é basicamente preparar tudo para que os nossos palestrantes e visitantes se sintam o mais acolhidos possível, seja preparando o material que eles vão precisar para a aula, inscrições para o evento, para as oficinas e minicursos”, explica.

O evento também tem aproximado do IF Baiano a comunidade escolar externa. Alunos da rede pública e privada participaram das atividades, conhecendo a instituição e suas oportunidades. Jameson de Oliveira, estudante do Ensino Fundamental da Escola Municipal Sheneider Cordeiro Correia, participou de um minicurso e contou que vários colegas se interessaram pelo IF Baiano. “É muito bom sair um pouquinho da sala de aula para espairecer a mente e conhecer outras pessoas”, diz.

Para Gabriele Barbosa, do curso Técnico em Administração e integrante do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi), a experiência no Neabi e no Arvorecer tem sido fundamental para aprofundar debates sobre raça, gênero e classe. Ela conta que foram essas experiências que trouxeram o arcabouço de ideias que sustentaram sua redação premiada em um concurso que envolvia alunos dos 14 campi da instituição. Já Ana Luíza Macrina, aluna do curso Técnico em Florestas e monitora do evento, reforça o papel simbólico do Arvorecer: “Eu acho muito gratificante para mim, como mulher negra, ver a gente sendo representado por algo, porque normalmente as pessoas querem tentar calar a gente, tentar nos esconder e eu acho que o Arvorecer é um evento maravilhoso para enaltecer as pessoas negras e indígenas. Acho extremamente necessário e desejo todo o sucesso, que a cada ano continue crescendo mais e mais”.

Na Feira de Artesanato e Agricultura Familiar, o público encontrou uma mistura de cores, sabores e saberes ancestrais: plantas, frutas, temperos, doces, colares, livros e peças artesanais. Lucicleia Silva Mendes, que aprendeu com a avó, aos 12 anos, a fazer temperos caseiros, transformou esse conhecimento ancestral em sustento, ao ficar desempregada. “Comecei vendendo na frente da minha casa e depois fui sendo convidada para vender nas feiras. Isso tem sido importante para eu conhecer pessoas novas, mostrar o meu trabalho e garantir uma fonte de renda”, conta.

Com uma vasta programação, o Arvorecer Negro chega a sua sétima edição, reafirmando seu papel como um dos eventos mais tradicionais do IF Baiano, semeando consciência e fortalecendo identidades.

Confira a programação do evento aqui!

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