De estação experimental de pesquisas em cacau até Instituto Federal Baiano de Educação, Ciência e Tecnologia: conheça a história desta instituição centenária
O Instituto Federal Baiano – Campus Uruçuca fez 100 anos de história neste sábado, 01. Uma história que começou no dia 01 de julho de 1923 com a criação da Estação Experimental Central de Água Preta, uma estação de pesquisa em cacau pioneira em todo o mundo.
A instituição de formação profissional e tecnológica que conhecemos hoje passou por várias transformações ao longo dos anos e conhecer e preservar sua memória é também preservar a memória da cacauicultura no Litoral Sul Baiano.
Comissão Torrend
Para contar essa história, é preciso voltar a 1918, cinco anos antes da criação da Estação Experimental, quando pesquisadores europeus aportaram em Uruçuca, com a “Comissão Torrend”. Coordenada pelo Padre Camillo Torrend, naturalista e pesquisador francês, a comissão tinha a missão de estudar as “Moléstias do Cacaueiro”, ou seja, as principais doenças que causavam grandes perdas na produção.
A comissão apontou para a necessidade de se fundar um Campo de Experiências e a criação de uma Escola Agrícola, onde os futuros agrônomos e técnicos dedicados à cultura do cacau teriam que fazer um estágio obrigatório para obtenção dos diplomas finais.
Estação Experimental
No dia 01 de julho de 1923, a Estação Experimental de Água Preta foi instalada, por iniciativa do Ministério da Agricultura. No mesmo ano, foi criada a Escola de Formação de Capatazes, o embrião para as ações de pesquisa e de capacitação de mão de obra que daria as bases científicas para recuperar a cultura cacaueira, então, em forte declínio.
Sob a direção do pesquisador russo Gregório Gregorievitch Bondar (1888 – 1957), a Estação de Experimentação realizou um programa de pesquisas e experimentos variados na cacauicultura (melhoramento genético, solos e adubação, combate às pragas e doenças, etc) e na introdução de um policultura, com ênfase na fruticultura. Foram introduzidas espécies exóticas, destacando-se a pimenta-da-jamaica, a noz-de-cola e o mangostão.
Escola de Capatazes
A Escola de Capatazes, criada em 1944 anexa à Estação, fazia parte do projeto ETQ-35 Convênio Brasil – EUA, Serviço de Extensão Agrícola Cacaueira. A escola ministrava cursos sobre a cultura do cacau e administração rural, visando melhorias de qualidade de trabalho e aumento da produtividade.
CEPLAC
Em 1957, foi criada a CEPLAC, que posteriormente criou o Centro de Pesquisas do Cacau – CEPEC, adquirindo uma área de 761 hectares às margens da rodovia Ilhéus – Itabuna, que começou a funcionar no final de 1963.
Em 1965, a Estação Experimental foi transferida para a CEPLAC, que no dia 09 de maio do mesmo ano instalou a Escola Média de Agricultura Regional da Ceplac, que depois se tornou Escola Média de Agropecuária Regional da Ceplac – EMARC.
Emarc
A Escola Média em Agricultura Regional da CEPLAC, EMARC – Uruçuca, foi um Centro Interescolar Profissionalizante Agropecuário e Agroindustrial e de Aperfeiçoamento que desenvolvia um programa de formação de técnicos em nível médio e que, mais tarde, viria a se transformar no Instituto Federal Baiano. A Emarc de Uruçuca foi modelo para a criação de outras Escolas Médias em cidades baianas como Itapetinga, Teixeira de Freitas e Valença e até em outros estados como Rondônia.
Instituto Federal
A Emarc sofre uma grande mudança a partir de 2008, com a lei 11.892, que institui a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica e cria os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. Com essa transição, a Escola transforma-se em Campus Uruçuca do IF Baiano, uma instituição de educação superior, básica e profissional, com caráter pluricurricular, especializada na oferta de educação profissional e tecnológica nas diferentes modalidades de ensino. A completa gestão da unidade pelo IF Baiano se efetiva a partir de 2010, com a posse do diretor-geral pro-tempore Euro Oliveira de Araújo.
Vinculado ao Ministério da Educação, esse novo perfil institucional trouxe para a unidade novas dimensões para os antigos compromissos e responsabilidades sociais. Dentre os avanços, os institutos federais, criados pela Lei no.11.892 de 29 de dezembro de 2008, destinam 50% de suas vagas à educação profissional técnica de nível médio e 20% à formação de professores para a Educação Básica (licenciaturas), além de ofertar outras modalidades de cursos de graduação (tecnológicos, bacharelados e engenharias) e pós-graduação (lato sensu e strictu sensu).
Atualmente, o Campus possui cinco cursos profissionalizantes: Técnico Integrado em Guia de Turismo, Técnico Integrado em Informática, Técnico Subsequente em Agropecuária, Técnico Subsequente em Agrimensura e Técnico Subsequente em Alimentos. Possui ainda cursos de graduação em Agroecologia, Engenharia de Alimentos e Tecnologia em Gestão de Turismo, e três especializações: Ciência e Tecnologia de Alimentos com ênfase em Cacau e Chocolate, Desenvolvimento Regional e Sustentável e Educação Científica e Cidadania.
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